domingo, 23 de maio de 2010

A BELA E A FERA





A primeira versão do conto foi publicada em 1740, na França: “La Belle ET La Bête”, por Gabrielle-Zuzanne.
O conto ficou mais conhecido quando divulgado pela Disney.
“A Bela e a Fera” têm encantado pessoas de todos os tempos e em toda parte do mundo.
De imediato a história nos convida simplesmente a acompanhar um drama de dois seres humanos com roupagens de que os opostos se atraem e o amor supera as diferenças.
A história relata a filha mais nova, com nome de Bela, que é uma jovem humilde, generosa, afetuosa, inteligente, gentil e que aprecia muito a leitura e sempre trata bem as pessoas, e é filha de um rico mercador.
O mercador perde toda sua fortuna, ficando apenas com uma pequena casa bem distante da cidade.
O pai de Bela recebe a notícia de bons negócios na cidade, ela pede que ao retornar ele traga para ela uma rosa. Quando o mercador está de volta, foi surpreendido no caminho por uma grande tempestade, e se abrigou em um castelo que havia avistado. Esse castelo era mágico e assim o mercador pode alimentar – se e dormir confortavelmente, tudo era servido por encanto.
Ao amanhecer, o mercador avistou um jardim com lindas rosas e lembrando-se do pedido de Bela, colheu uma para levar consigo. Neste momento foi surpreendido, pelo dono do castelo; uma grande e pavorosa fera, que desejava matá-lo e impôs uma condição para que ele vivesse. Trocaria sua vida pela da filha que iria receber a rosa.
Bela foi morar no castelo com a Fera, pensando que a mesma a devoraria, mas aconteceu que a Fera foi se mostrando um ser gentil, sensível e amável, que a tratava como uma princesa. Mesmo achando a Fera pouco inteligente, Bela se apegou ao monstro que, a pedia constantemente em casamento e Bela gentilmente recusava.
Bela com saudades do pai pede a Fera permissão para visitá-lo.
A Fera contra gosto cedeu ao seu desejo com a promessa que retornaria em uma semana. A Fera deu a Bela um anel mágico, que ao colocá-lo no dedo voltaria imediatamente.
Bela visitou sua família, e suas irmãs por inveja a envolveram para que ela não  retornasse  na data prevista e a Fera a devorasse. Bela foi retardando sua volta.
Teve um sonho onde via a Fera morrendo.
Arrependida coloca o anel sobre a mesa e volta imediatamente, encontrou a Fera morrendo no jardim.
Tinha muito medo de Bela não voltar.
Bela reconheceu que amava a Fera, e que não poderia viver sem ela e aceitou o pedido de casamento.
Ao terminar de dizer que aceitava se casar, a Fera transformou- se em um lindo príncipe, pois o amor de Bela colocara fim ao encanto que o havia transformado em Fera e os dois se casaram e viveram felizes para sempre.
A reflexão se concentra na polidez e formosura feminina da Bela, e no primitivo agressivo da Fera.
Diante desse oposto a história concentra – se apontando conseqüências vividas pela fera, a não aceitação de forma integrada dos aspectos femininos.
Jung identifica na mulher qualidade masculinas a que chamamos “Animus” e no homem qualidades femininas a que chamamos “Anima”.
Anima e animus são responsáveis pelas qualidades das relações com pessoas do sexo oposto. Os contatos com esses arquétipos vêem de forma inconsciente e liberam as projeções.
O homem quando se apaixona pelo sexo oposto, está em processo de projeção à imagem de mulher que tem internalizado, sendo assim aceito perfeitamente o ato de apaixonar – se e decepcionar – se, nada mais é do que projeção e retirada de projeção do objeto externo.
Para o homem a mãe é a que fornece a primeira projeção da anima, ainda quando criança e  inconscientemente.
Quando cresce, o filho vai, aos poucos retirando essa projeção e lançando as mulheres em um processo inconsciente.
A qualidade, do relacionamento de mãe e filho, é essencial para determinar os relacionamentos que virão.
O filho pode ver a anima da mãe em forma de poder dominador fazendo assim uma ligação dura de levar a vida inteira, podendo alterar o destino deste homem ou, também animando – o à coragem para atos arrojados, corajosos.
É definida também a projeção como um processo inconsciente automático, podendo ser transferido a um objeto, fazendo com que o conteúdo passe a pertencer ao objeto.
No momento que esse processo se torna consciente, o conteúdo passa a pertencer ao sujeito.
O anima ou animus projeta-se no sexo oposto, onde determina a qualidade de suas relações entre os sexos.
O homem viril em sua valorização de comportamento social poderá ter aspectos benéficos em seu convívio, quando lidando bem com seu animo ou animus, pois suas experiências referem – se à investigação do inconsciente para o consciente.
A Fera precisou estar enfeitiçada para que, ao encontrar com Bela conseguisse olhar para dentro de si despertando sua anima que até o momento estava impossibilitada de vir a sua consciência.
Neste momento reconhece como parte de seus aspectos conscientes se tornando capaz de apropriar de sua beleza – interior.
A Fera vê Bela como uma jovem capaz de quebrar o feitiço, sente – se estimulado a ficar gentil e sutil com ela.
Quando Bela sai para realizar a visita ao pai, simboliza a libertação da anima que, posteriormente, mostra-se integrada em sua consciência, quando acontece a morte simbólica da Fera.
Neste caso, a Fera está representando as qualidades masculinas da Bela, que sendo primitivas, quase animais, necessitam serem humanizadas pelas qualidades femininas.
A Fera retrata, pois, os desafios da mulher.
Podendo- se perceber que a Fera em condição de monstro ao lidar com agressividade tornando- se rude, impulsiva, negava sua essência anima.
A personalidade é desenvolvida com a função de facilitar a convivência do ser humano na sociedade em que está inserido, podendo emergir a qualquer momento do inconsciente, fazendo uso de modelos vivenciados na fase infantil, de criança, na adolescência e até mesmo na fase adulta.
Uma das maiores dificuldades neste processo é a integração dos sentimentos internos à vida cotidiana, que passa pela escolha e consciência do sujeito.
Reconhecer esses sentimentos implica em colocar em questionamento todos os hábitos, valores, afetividades, relações, entre outros.
É como mergulhar no desconhecido, ficar sem chão, perder apoio, a certeza de onde está, confrontando com os aspectos de individuação, dando inicio a estruturação para de um novo ser humano, com novos caminhos e perspectivas levando a luz ou as trevas, variando da forma em que o sujeito vê seu mundo.
Todos possuem fantasias, e projetam no inconsciente coletivo refazendo sua história.
Os personagens do conto infantil trazem a forma de expressão do inconsciente às próprias fantasias de cada um, com o desejo de reconhecer a si mesmo e o significado da vida, estando centrado, percebendo sua unicidade, levando-o à suas origens.
O ser humano tem a motivação, para confrontar seu consciente com o inconsciente trazendo-o ao amadurecimento dos componentes de sua personalidade, formando- em um sujeito único e inteiro, retirando suas máscaras, suas projeções lançadas anteriormente no mundo externo e integrando-as a si mesmo.
É um processo difícil, doloroso, e ocorre sempre direcionando um novo sujeito, com objetivos próprios, com realizações reais, tendo consciência exatamente do que acontece e de que forma deve agir para sentir a verdadeira felicidade com realizações.
A personalidade humana é muito ampla, leia sobre outros contos e como atuam na personalidade.


2 comentários:

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  2. Sônia, boa tarde! Li e amei seu artigo que me será útil num Congresso feminino onde vamos ver o papel da mulher através de contos de fada. Gostaria de saber se você poderia ajudar-me na aplicação dessa foco da Bela e a Fera através de dinâmicas pois o nosso público é bem diverso e gotaríamos de facilitar essa análise.
    clebiasp@ahoo.com.br Grata.

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