terça-feira, 28 de setembro de 2010

DEU NO QUE DEU / CINDERELA




Peça teatral apresentada por Jorge Demétrio Cunha Santos, conhecido como NanY People, drag king (termo utilizado para quem se veste estravagantemente geralmente com intuito profissional artístico), o show foi um stand-up (expressão em língua inglesa que indica espetáculo de humor executado por um comediante apenas, sendo a apresentação geralmente em pé, sem acessórios, cenários caracteriazados, sendo diferente de um monólogo e tradicionalmente chamado por alguns humoristas de show de cara limpa).
O teatro lotado.
Apagam – se as luzes.
Iluminação somente no palco.
Todos os presentes com uma espectativa emocional intensa.
Olhos fixos no palco, com os corações ali, extraidos por meio de pressão, com a emoção a flor da pele.
Neste momento adentra por trás do teatro, ela Nany People, com seu brilho natural, com sua entrada triunfante, trazendo todos os presentes para um momento único e concreto em suas emoções.
Aplausos surgem, para a estrela que irradia alegria e prazer de estar ali naquele momento.
Inicia-se com uma apresentação.
Fala da importância de estar neste teatro (EsSA / Escola de Sargentos das Armas – TC), onde seu pai ali deu inicio a uma carreira militar e que por motivos não muito felizes foi interrompida drasticamente.
Em sua voz sonoricamente harmônica, trás a todos os presente a emoção, com satisfação e ao mesmo tempo angústia, com um grande desejo de ter podido ser diferente, mas não foi e assim a vida transcorreu de uma forma um pouco mais sofrida para o  pai e a familia. De certa forma, acreditasse que foi esta maneira que Deus encontrou de conduzir este ser que em sua fase adulta, veio com o objetivo de levar alegria às pessoas. Tudo conduzido hoje visto, da melhor maneira possivel.
Assim surgiu Nany People com o Deu no que deu peça vivida não somente no teatro mas na vida real por toda a essencia daquela que ao iniciar suas falas conseguia mesmo através das lembranças da dor  trazer a todos uma alegria irreverente. Nany fez uma sintese de sua vida, onde nasceu, como cresceu até chegar nos dias de hoje no teatro, com o Deu no que deu.
Fez uma apresentação de sua trajetória após ficar conhecida e famosa.
Posso neste momento citar uma frase da famosa poetisa Cora Coralina, que descreve com sutileza e leveza em um de seus poemas conicidentemente a tragetória de Nany People.
“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”.
Assim chega-se ao sucesso.
Interage com as pessoas da platéia, onde com seu humor além de arrancar muitas gargalhadas, trás grandes ensinamentos à vida de cada dia.
Falou da importância de se estudar, de ter financiado o estudo de quatro sobrinhos, que isso muito alegrava seu coração, como também relatou a perda da mãe, da tia que a criou e de seus gastos com seu corpo, e de seu casamento que durou 7 anos.
Todo o teatro atentamente escutando e sorrindo com suas piadas picantes, mas sem nomes pejorativos.
O que mais me impressionou foi sua fala sobre o desejo de realizar seu sonho que era ir à Disney conhecer o castelo da Cinderela e claro a Cinderela.
Aproveito para falar sobre o complexo de Cinderela.
Creio que todos conhecem a história, mas darei um breve resumo.




                                      Cinderela 

Na versão consagrada do conto de fadas, cinderela era filha de um rico comerciante que casara pela segunda vez, lhe dando duas meias-irmãs e uma madrasta. 
Após a morte do pai, a madrasta que era muito malvada junto com suas filhas delegavam todos os afazeres domésticos a ela, transformando-a em uma criada, para que pudesse estar sempre desarrumada e feia. O objetivo de tanta maldade era porque sentiam-se incomodadas com a beleza e gentileza de Cinderela.
Um dia houve um convite em todo reino para que todas as moças solteiras participassem do baile que o príncipe iria promover, com o intuito de escolher uma bela moça para se casar. Cinderela recebeu ordens da madrasta para que ficasse em casa limpando e que, além disso, ela não tinha roupa nem calçado para participar do baile.
Cinderela andava triste e chorosa pela casa, quando que de repente surgiu a sua frente uma fada madrinha, onde com um piscar de olhos limpou toda a casa e deu lhe um lindo vestido para Cinderela, falando lhe sobre o encanto e que terminaria à meia noite.
Cinderela participou do baile com muitas alegrias dançando durante toda a noite com o príncipe que se apaixonou por ela.
O relógio bate suas doze badaladas, Cinderela sai correndo e perde na escada do castelo um de seus sapatinhos de cristal. 
O príncipe apaixonado pega o sapatinho de cristal, e sai por todo o reino procurando o pezinho daquele belo e delicado sapatinho.
Todas as moças do reino experimentavam o sapatinho, com grande desejo que servisse, mas Cinderela foi a única que conseguiu.
Assim o jovem príncipe se casou com Cinderela e foram felizes para sempre.





                                                  Complexo de Cinderela


O complexo de Cinderela mostra uma ambivalência, ou seja, dois valores: a necessidade da independência e a de ser amada.
O conflito surge entre uma e outra como se as duas necessidades não pudessem existir, dando inicio a um processo de angústia.
É o desejo inconsciente de obter cuidados de outra pessoa (necessidade de dependência), e o medo da independência, de ficar sozinha.
Resume - se sendo um conjunto de desejos reprimidos, atitudes e memórias distorcidas tendo seu inicio na infância onde a menina pensa que terá sempre alguém lhe protegendo e assim solidificando a crença onde a mulher adulta terá sempre uma incapacidade e inferioridade, que dificultará a consciência de suas mais profundas necessidades e desejos, sempre sabotados.
Acarretando assim cada vez mais sua dependência onde busca se libertar, mas com salvação esperando sempre que o externo ou alguém possa transformar sua vida, sentindo ser incapaz de salvar a si mesmo.
O conflito existe entre o profundo desejo de ser protegida e cuidada e ao mesmo tempo de ter sua liberdade conquistada.
Surge então o comodismo que pode ser tudo, menos sinal de dignidade.
Com ele estará impedindo seu crescimento, sua não aceitação ao reforço positivo de buscar ser feliz, duvidando sempre de si mesma e de suas capacidades.
A mulher com o complexo de Cinderela perde a coragem de se conhecer, de lutar por seus valores, seus sonhos e desejos onde deixa de ser feliz e carrega consigo as limitações e frustrações com uma sensação de que a vida é muito pesada para ser vivida.
O melhor a se fazer seria confrontar com a verdade, seus indicadores de sentimentos, encarando os conflitos, reconhecendo o desejo de ser protegida e cuidada, mas sabendo qual o seu potencial em força, coragem e capacidade para realizar seus sonhos e desejos, passando a ver o belo da vida de ser cuidada e cuidar e tendo a certeza de que a vida tem o peso que se coloca nela.

Agora para terminar a fala sobre Nany People, preciso dizer que por sua fala durante o stand-up, ela demonstrou ter conseguido divinamente superar o complexo de Cinderela, se é que existiu em sua vida.
O stand-up, transcorreu divinamente com seus comentários fascinantes e sempre dando reforço positivo de coragem a todos que lá estavam mostrando a importância de acreditar em si mesmo sempre e assim ocorrerá a realização dos sonhos e desejos com um único propósito; Ser feliz, fazendo sempre o que se ama.
Obrigada Altair Nogueira por estimular a cultura, trazendo aos corações dos que participaram do teatro, alegria e reflexão com o Deu no que deu de Nany People.




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